quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

DA MÁ EDUCAÇÃO

A Maíra estava com 5 ou 6 anos. O Raoni entre 3 e 4. O governo do estado havia criado um projeto pré-escolar, que se pretendia moderno. A escolinha era bem próxima da nossa casa, e a Marli, então professora estadual, resolveu matriculá-los. A diretora, razoavelmente conhecida da Marli, era toda simpatia.

Começamos a estranhar a relutância do Raoni em querer ir pra tal escolinha moderna. Chorava muito, esperneava em uma resistência fora dos padrões do seu comportamento habitual.

Um dia, a toda simpática diretora veio nos contar, entre espantada e incrédula, o entrevero que teve com meu filho, que não parava de chorar. Claro, ela foi dar-lhe uma bronca, que depois soubemos ser sua forma de lidar com crianças. Segundo ela, o Rá parou de chorar na hora, enfiou o dedo na sua cara e disse:

- Eu não gosto que gritem comigo!

Ainda hoje fico imaginando a cara da mulher ao ser confrontada dessa maneira por uma criança de 3 ou 4 anos.


Dona Idalina, acho que era esse seu nome, era a merendeira da escolinha. Foi ela quem nos contou como era o tratamento grosseiro dado pela diretora simpática às crianças. Tiramos nossos filhos da escola e, nesse curto período que ficaram, desenvolveram uma grande afeição pela dona Idalina, única a tratar os pequenos com humanidade, que mantiveram até a idade adulta. Anos depois, quantas vezes a encontrávamos na rua e ela vinha abraçá-los e beijá-los. Eram ainda as suas crianças.

2 comentários:

  1. Ah..essas histórias! Obrigado. To aqui deitado no sofá e lendo. Vida boa!

    ResponderExcluir
  2. Aproveite... rs... cheguei faz pouco da rua. Agora chove. Estou pensando em não ficar sozinho e estou matutando alguma coisa aqui... rs rs...

    ResponderExcluir