Começo dos anos de 1980, trabalhando na prefeitura de
Caieiras, entrou um rapaz bem mais novo que eu pra trabalhar em nosso
departamento. Ivo foi, e ainda é, uma das pessoas mais honestas que conheci. De
uma simplicidade tão autêntica que ainda me emociono das suas e nossas diversas
histórias.
O chefe do departamento era um sujeito medíocre que, embora não fosse
um grande amigo, tinha certa aproximação comigo desde a infância. Logo após esse fato que vou relatar perdemos essa aproximação.
Havia uma questão que preocupava o chefinho: o Ivo era filho
de um vereador. Em sua tresloucada mesquinharia achou que o pai havia “plantado”
o filho ali no departamento para tomar o seu tão precioso cargo. Cargo mantido pela relação de
servidão bovina a qualquer superior.
Sentindo-se ameaçado começou a articular junto aos seus
pares uma forma de prejudicar o garoto.
Como tínhamos amigos em todos os departamentos da
prefeitura e por sua pouca habilidade como articulador, ficamos sabendo de suas maquinações.
Conversei com o Ivo e expliquei que tinha um plano pra
acabar com aquilo. Combinamos que no dia seguinte, a um sinal meu, ele me
deixaria a sós com o famigerado chefinho, pois eu o queria totalmente
desarmado.
No outro dia levei um gravador, aquele tipo tijolão, e
coloquei na gaveta da minha mesa. Assim que o “cargo ameaçado” chegou dei um
toque para o Ivo sair.
Coloquei o bicho pra a gravar e no meio de um papo
descontraído com o chefinho comecei a insinuar, bem de leve, maledicências contra
o prefeito e vereadores. Não deu outra: o sujeito desandou a meter o pau no
mandatário, a ofender vereadores, outros chefes e diretores. Era a indignação
contra o poder público em pessoa.
Tendo conseguido o que queria, chamei o Ivo, tirei o
gravador da gaveta e coloquei pra rodar a gravação. O cara, covarde como era,
ficou pálido, gaguejando e tremendo. Nem ódio conseguiu sentir naquele momento.
Disse a ele que sabia das suas manipulações pra tentar
prejudicar o Ivo, e que se ele fosse prejudicado de alguma maneira aquela fita
iria parar nas mãos do prefeito. Nunca mais se meteu a besta.
Eu e o Ivo trabalhamos ainda um bom tempo juntos. Acabou
saindo da prefeitura um pouco antes da minha saída. Sei que está bem, mas eu o
vejo raramente.
Ivo... que história!
ResponderExcluirE foi exatamente isso que aconteceu... rs...
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