Publica-se despudoradamente no Brasil. Qualquer coisa. Com a
febre das redes sociais propagam-se, através de vastas amizades, publicações
duvidosas com o selo de qualidade das relações. Editoras sem estrutura ou
qualquer escrúpulo inundam o espaço com livros que atendem apenas o ego dos pretensos
escritores ou poetas. Não há um questionamento crítico, por parte desses
editores, sobre o que está sendo publicado. Também pouco conhecem sobre
literatura. Algumas vezes, nem um mínimo de gramática para uma revisão que
aparenta nunca ser feita, prejudicando o entendimento de frases ou textos
inteiros. Poucas vezes conseguem entender quando Oswald de Andrade diz que
devemos incorporar todos os erros. Ah, quem é Oswald de Andrade? O que vale é
jogar na rua algo que o “escritor”, na ânsia de ver seu nome no panteão das
celebridades, vai pagar com a venda entre seus pares. Acumulam-se encalhes
pelos cantos das casas e depósitos de editoras. Por fim, acabam virando
presentes nas liquidações das festas de aniversários.
Penso na máxima dita por Caetano Veloso, lá pela década de
1960, de que um país subdesenvolvido não tem, necessariamente, que produzir uma
arte subdesenvolvida. Passamos por três grandes movimentos envolvendo
literatura e poesia, Semana Moderna de 22, Concretismo e Tropicália, o país
saiu da condição de subdesenvolvido para emergente, e ainda estamos rimando
amor com dor ou produzindo romances de Era uma vez. Pobre Guimarães Rosa.
A poesia de cordel traduz seu ambiente árido. Os poetas
modernistas, principalmente Oswald de Andrade, entenderam o processo de
transformações de seu tempo, apontando para o futuro. Os poetas de vanguarda,
como os concretistas, traduziram de forma crítica e profunda as novas linguagens
do seu tempo, nos remetendo à exploração de infinitas experiências. Mesmo os
beatniks encontraram sua linguagem urbana nos improvisos do jazz.
A periferia, onde essas editoras investem, infelizmente
ainda não encontrou sua linguagem. Raríssimos conseguiram chegar perto disso.
Infelizmente a ganância e os louros da glória sucumbem com essa linguagem,
tornando-a estéril e apenas periférica.
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