Chega! Basta de expor a nudez da minha indignação. Não quero
mais que as vísceras da minha felicidade sejam revolvidas em açougues públicos.
Que finde a necropsia da minha alma. Não mais exumarão o cadáver dos meus
fracassos.
Eu sou o fato. Regalem-se com os restos.
Não mais me oferecerei em holocausto para famélicos da
sordidez. Não mais norte. Não mais mote. Basta de penhor genético. Desassociar-me dos eventos. Tempo e espaço. Manter o caos recalcitrante cagando para as normas mesquinhas .
Eu sou a foto. Regalem-se com os rostos.
Chega! Basta de fartura. Basta de cultura. Basta de ruptura.
Quero apenas a rua entre nuvens e asfalto. Quero a rua sem séquitos de sexos
embotados na minha poesia. Não mais quero suas fantasias.
Eu sou o farto. Regalem-se com os ritos.
Chega! Basta de hipocrisia saudável. Não quero mais a
salutar felicidade de mãos que nunca se apertam. Retiro um a um os parasitas da
minha franqueza: franquia de exultação. Não mais assinatura em contratos
invisíveis.
Eu sou o reles. Regalem-se com os fardos.
A diferença de ver para ter ouvido é reparar a inversão no fim, em que ele, antes "f" - fato, foto, farto (menos "fardo") - torna-se "r" em "reles" relacionada com restos, rostos, ritos. Uma quase paronímia que acrescenta algo musical.
ResponderExcluirUm pequeno basta no padrão.
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