sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

ME DÁ UM TECO?!

Alguém já disse que a filosofia e a literatura são as piores coisas para a poesia. Para alguém que, como eu, acredita que poesia não é literatura, muito menos filosofia, concorda plenamente com isso, embora nem todos tenham essa concepção. No entanto, penso aqui: o que é pior para a literatura, para a filosofia e para a poesia?

Questionando-me sobre os três casos, acabo incluindo mais um item. A História. Todo aquele que tem um interesse mais sério em História, acaba entrando em confronto com o ensino oficial da mesma. Não apenas por apresentar a versão dos protagonistas vencedores, mas, principalmente, por nos impingir fatos isolados. Nada pior para a História e seu entendimento que o retalhamento em pequenos pedaços, como se não houvesse qualquer conexão entre eles.

A História, sempre a História, vai me dando certa luz sobre a eterna sombra que se abate sobre a Poesia, a Literatura e a Filosofia. Em um primeiro momento identifico a falta do conhecimento histórico, a falta de leitura ou leitura superficial, seguida pelo entendimento risível, resultando, por fim, na cultura de retalhamento das obras.

A facilidade do mundo virtual expandiu de forma quase doentia essa superficialidade. Tornamo-nos clientes assíduos das seletas filosóficas, dos açougues poéticos e dos armarinhos de literatura. Como estripadores vamos desconectando órgãos, ossos e vísceras de um conjunto, denominado corpo. Tornamos inútil cada pedaço, cada parte sem sua função no todo. Matamos o todo.

A vaidade vai nos tornando grandes citadores de nomes, que mal conhecemos, e frases fora de seu contexto original. Somos todos a aparência do conhecimento. Sedutores do conhecimento rasteiro. Glorificação da ignorância mascarada. Portadores da preguiça fantasiada.

Sabemos que essa vaidade não resiste a duas perguntas, ou mesmo uma. Sabemos, mas quem se importa? Apenas querem seu pedaço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário