Alguém já disse que a filosofia e a literatura são as piores
coisas para a poesia. Para alguém que, como eu, acredita que poesia não é
literatura, muito menos filosofia, concorda plenamente com isso, embora nem
todos tenham essa concepção. No entanto, penso aqui: o que é pior para a
literatura, para a filosofia e para a poesia?
Questionando-me sobre os três casos, acabo incluindo mais um
item. A História. Todo aquele que tem um interesse mais sério em História, acaba
entrando em confronto com o ensino oficial da mesma. Não apenas por apresentar
a versão dos protagonistas vencedores, mas, principalmente, por nos impingir
fatos isolados. Nada pior para a História e seu entendimento que o
retalhamento em pequenos pedaços, como se não houvesse qualquer conexão entre
eles.
A História, sempre a História, vai me dando certa luz sobre
a eterna sombra que se abate sobre a Poesia, a Literatura e a Filosofia. Em um
primeiro momento identifico a falta do conhecimento histórico, a falta de
leitura ou leitura superficial, seguida pelo entendimento risível, resultando,
por fim, na cultura de retalhamento das obras.
A facilidade do mundo virtual expandiu de forma quase
doentia essa superficialidade. Tornamo-nos clientes assíduos das seletas
filosóficas, dos açougues poéticos e dos armarinhos de literatura. Como
estripadores vamos desconectando órgãos, ossos e vísceras de um conjunto,
denominado corpo. Tornamos inútil cada pedaço, cada parte sem sua função no
todo. Matamos o todo.
A vaidade vai nos tornando grandes citadores de nomes, que
mal conhecemos, e frases fora de seu contexto original. Somos todos a aparência
do conhecimento. Sedutores do conhecimento rasteiro. Glorificação da ignorância
mascarada. Portadores da preguiça fantasiada.
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