sábado, 26 de novembro de 2016

PREGANDO UMA PEÇA

Toda relação é um molde. Como água, onde um, ou os dois, assenta sua fluidez.

A origem pode ser a amizade, o sexo, uma relação amorosa ou profissional.

Busca-se moldar os mesmos gostos, adaptar-se aos mesmos desejos e definir as mesmas perspectivas. Um olhar único.

Processo doloroso de automutilação. Um sobreviver na vida alheia.

Apenas sonhos, travestidos na automação da felicidade. Somos todos poetas, somos todos justos, somos todos indignados e buscamos ilusões programadas. Moldados no recipiente dos interesses.

Nenhum sonho pode sobreviver por muito tempo como parasita daquilo que acredita ser o sonho do objeto.

Em um momento acorda tal qual em pesadelo, sem necessariamente sê-lo. Aí se é.

Quando se é, torna-se necessário mostrar-se. Mostrar-se, acredita-se, é estar livre dos sonhos alheios. Uma liberdade que prende aos novos moldes.

Enformados se faz necessário transgredir e simular. Toda liberdade contida em novos recipientes é uma forma de sedução aos anteriores. Liberdade em cadeia.

Atores em representação programada.


Como expectador decidi não comprar ingressos.

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