As pessoas costumam a se aferrar aos costumes, crenças e tradições
como àquela velha xícara, irremovível, que a falecida mãe usava, guardada no
depósito de memórias do armário de novas louças. Uma forma de resistência aos
novos pratos, pires, copos e xícaras legados a uma provisória hospedagem nas
prateleiras do passado.
Caetano Veloso, já em 1967, questionava: Que juventude é
essa? Vocês são a mesma juventude que vão sempre, sempre, matar amanhã o
velhote inimigo que morreu ontem!
Essa farta indignação contra o poder estabelecido, por
métodos questionáveis ou não, proclamada diariamente pelos ativistas virtuais,
se ampara em velhas tradições esquerdóides, valores tão superados quanto
aqueles em que se sustentam os conservadores.
Dentro dos valores tradicionais, tanto à direita quanto à
esquerda, os conservadores venceram e continuarão a vencer. Nesse plano, onde
são insuperáveis, transformaram toda e qualquer manifestação contra em ridículas,
cansativas e desacreditadas arengas. Conseguiram que grupos ou partidos, ditos
de esquerda, entrassem em seu jogo político e se igualassem por baixo. E sobre
essas bases se sustentam essas indignações.
O poeta Oswald de Andrade dizia que devíamos olhar o novo com
novos olhos. Mas a poeira assentada sob as velhas louças do passado turvam o
olhar, no máximo condescendente, aos novos pratos.
E vamos a cada novo dia almoçando, em velhas louças, o resto
do jantar de ontem.
isto é seríssimo!
ResponderExcluirengraçado, eu já vinha degustar um texto sobre rubens lavando louças... digo, bem menos universal e muito mais cozinheiro!
ResponderExcluirDrigão, por incrível que pareça, esse é um texto que está na mira. O Rubens do tanque e da pia. rs rs...
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