quinta-feira, 10 de novembro de 2016

FALANDO DE LI

Por uma série de questões, ninguém gostava muito dela no serviço, inclusive eu. Era muito bonita e extremamente provocativa, reconhecendo-se como tal.

Após uma séria discussão com um diretor da empresa, ela entrou na copa, onde eu estava tomando café, chorando, caiu ao chão, desmaiada.  Prontamente levantei-a com cuidado, colocando-a sentada, tentando reanimá-la. Chamei alguns funcionários para que me ajudassem, mas, pela antipatia adquirida, ninguém se dispôs.

Claro, preocupado que estava não havia percebido a armadilha. Quando parecia ter voltado a si, disse-lhe que havia me dado um susto.

- Por que você não se aproveitou? Perguntou na maior safadeza e caindo na gargalhada. Foi quando percebi o teatro todo.

Com isso, fui perdendo as reservas e ficando mais amigo dela.

Uma de suas provocações prediletas, nessa ocasião, era agachar fazendo com que a calça descesse e a calcinha e o rego da bunda ficassem aparecendo.

- Tem uma calcinha fugindo, brincava eu.

- Ah, então vem arrumar pra mim, respondia na lata, encostando-se a mim.

Com essa aproximação tornamo-nos mais íntimos e fui algumas vezes, após o expediente, até sua casa, que era razoavelmente próxima da empresa onde trabalhávamos. Essa curta distância também permitia ir algumas vezes almoçar com ela.

Ela ficou poucos meses na empresa. Depois que ela foi demitida a reencontrei apenas uma vez na estação ferroviária. Mal deu pra gente se falar.
Depois soube que ela havia ido para o Japão, onde já havia morado anos antes. Após isso não tive mais notícias.

Estava em casa sossegado, havia acabado de falar com minha filha e minha irmã ao telefone. Quando me preparava para ligar ao advogado, que está cuidando das minhas pendências profissionais, eis que o telefone toca.

- Pronto! Atendi.

- Quer vir almoçar aqui comigo?

- Quem está me convidando? Perguntei.

- A Li... Não reconhece mais minha voz?

Depois de uma rápida atualizada de nossas vidas, disse-lhe que iria ligar ao advogado e topava o almoço. Combinamos que ela me apanharia na estação ferroviária de Caieiras.


Assim foi um dia de histórias orientais, em plena quarta-feira de feijoada, animando nosso império em todos os sentidos.

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