terça-feira, 29 de novembro de 2016

CONSIDERAÇÕES MISERÁVEIS Nº 09

O QUE VALE É O MORTO


Tragédia. Um avião cai matando um número grande de pessoas. Entre elas alguns jornalistas conhecidos e um número, ainda indeterminado, de jogadores do Chapecoense, clube profissional pequeno, caminhando para seu melhor momento dentro do futebol.

Na ânsia necrológica, mascarada muitas vezes por suposta comoção, publica-se de tudo. O que vale é morto. Estão pouco se dando a tudo aquilo que envolve uma possível vítima. Não se confere nada. Nada se investiga. Uma hora aparece uma notícia com o nome de alguém dado como morto para negá-la logo em seguida. Ninguém quer saber o que esse tipo de irresponsabilidade, tanto da imprensa quanto dos “curtidores” e “compartilhadores” profissionais, provoca no entorno familiar e social do possível sobrevivente.

Claro, as carpideiras estarão presentes com suas lágrimas fáceis. Estarão publicamente solidárias com familiares e amigos, elevados da indigência à celebridades do desconhecimento. Publicamente se lamentam e publicamente querem se provar humanos. Exercícios sentimentaloides jorram aos borbotões na desesperada luta em ser um na manada dos bons sentimentos cristãos.

Tragédias permitem, de maneira única, toda forma de ação e manifestação oportunista. O uso e abuso da fragilidade.

Todos somos bons!


Meu deus, já não basta a tragédia em si? Apenas respeito.

2 comentários:

  1. Tanta gente quer opinar... se maquiar com este fato! Se enfeitar com isto! Para mim importa cuidar do que vive. E tantas vezes o melhor cuidado é, senão ficar calado, ser sucinto. É tempo de sentirem a dor que não podemos e não devemos tentar curar, ela é natural e deve ser vivida. Acho que o que pode vir dela de melhor seria ela se reverter adiante em valorização ao presente e à vida.

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