Como um corte, rápido e inesperado, um olho me olha e sangra
a insustentável veia de poeta. Sob esse olhar, meu olhar de poeta toca o chão, vergado
pelo peso da insuficiência, sem coragem para levantar-se.
Um olhar que denuncia não valer nada ser poeta. Um olhar que
vai te buscar lá aonde o poeta não chega. Onde ele nunca está.
Esse olhar busca e emerge o ente capaz da
experiência poética, não o poeta. Sem o poeta, o homem está nu. Despojado da máscara
torna-se menos macaco cativo. Cativa em ser poesia. Liberto de quem a pretende.
Assim, esse olhar não me exige versos. Me vê diverso. Das
rimas fizemos risos. Com as palavras vamos construindo um universo.
Esse novo olhar que me sangra pelo profundo do corte, é o
que me deixa mais forte.
Sob esse seu olhar, que me olha, sem alarde, o poeta renasce.
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