sexta-feira, 21 de outubro de 2016

TUDO DE NOVO SOB O SOL

Como um corte, rápido e inesperado, um olho me olha e sangra a insustentável veia de poeta. Sob esse olhar, meu olhar de poeta toca o chão, vergado pelo peso da insuficiência, sem coragem para levantar-se.

Um olhar que denuncia não valer nada ser poeta. Um olhar que vai te buscar lá aonde o poeta não chega. Onde ele nunca está.

Esse olhar busca e emerge o ente capaz da experiência poética, não o poeta. Sem o poeta, o homem está nu. Despojado da máscara torna-se menos macaco cativo. Cativa em ser poesia. Liberto de quem a pretende.

Assim, esse olhar não me exige versos. Me vê diverso. Das rimas fizemos risos. Com as palavras vamos construindo um universo.

Esse novo olhar que me sangra pelo profundo do corte, é o que me deixa mais forte.


Sob esse seu olhar, que me olha, sem alarde, o poeta renasce.

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