Vera
é onde sou incompleto.
Todos
meus relacionamentos amorosos sempre me trouxeram uma sensação de saciabilidade,
seja pelo que eu tenha recebido ou dado, ou ainda, pelo encerramento natural de
um ciclo. Isso faz a perfeição das relações, com todos seus altos e baixos,
onde não existe uma ruptura abrupta e dramática, mas o entendimento de que ali se
encerrou em si próprio.
Ainda
que tenha muito a aprender, meus amores foram os motores do melhor que hoje
sou. Cada um, no seu devido tempo, sem cair na armadilha das comparações, me deu
seu melhor. Cada um, com os meus limites na ocasião, me proporcionou uma
experiência e um aprofundamento emocional, intelectual e humano que foi me
fortalecendo a cada fraqueza, vacilo ou idiossincrasias expostos.
Essa compreensão natural de que sentimentos se
transformam não significa um fim, um desapego, ao contrário, abre-se a
perspectiva de sentimentos outros, de relações outras. Nisso são completos.
Isso é que eu amo em cada um deles, com o melhor que pude amar cada um deles.
Cada um me fez inteiro.
Vera é um corte. Vera foi com quem vivi uma das
mais longas e profundas experiências amorosas.
Quando a morte a tirou dos meus braços, ainda
éramos planos e futuro. A ruptura abrupta e definitiva determinou o fim de um
ciclo que não pretendíamos. Um ciclo que não se fechou, por ser inaceitável e
incompreensível. Brutal.
Vera é onde sou incompleto. Vera é esse vazio
que nunca será preenchido.
Nunca procurei preencher esse vácuo. Cada relação
foi completa em si. Me odiaria fazer de alguém um substituto para algo que não
se preenche. Esse vazio é um compartimento que cabe à Vera. Aos outros amores
coube a plenitude.
Ainda assim, Vera permanece onde sempre será uma falta.
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